O feitiço contra o feiticeiro
Quando os canadenses Debbie Melnyk e Rick Caine decidiram fazer um documentário sobre Michael Moore em 2004, sua intenção era realizar uma biografia elogiosa do autor de “Tiros em Columbine” (2002) e “Fahrenheit 11 de setembro” (2004). Ao longo das filmagens, porém, eles descobriram tantos podres do cineasta americano que o projeto assumiu um tom francamente negativo.
“Fabricando polêmica - Desmascarando Michael Moore”, resultado de seu trabalho, poderá ser visto nesta semana no festival É tudo verdade - quarta-feira no Rio, quinta em São Paulo.
“Fabricando polêmica - Desmascarando Michael Moore”, resultado de seu trabalho, poderá ser visto nesta semana no festival É tudo verdade - quarta-feira no Rio, quinta em São Paulo.
Desde que se tornou o documentarista mais famoso da história, Michael Moore tornou-se também alvo freqüente de documentários, a maioria deles formada por contra-ataques da direita contra o diretor, como “Michael Moore hates America” (2004). “Fabricando polêmica” é um caso à parte, por se tratar de um projeto com uma pesquisa bem fundamentada e sem orientação ideológica.
A mentira mais grave apurado por Melnyk e Caine refere-se a “Roger & eu” (1989), o filme que popularizou Moore nos Estados Unidos. Para denunciar a maldade corporativa , o cineasta registrou várias tentativas frustradas de entrevistar o presidente da General Motors, Roger Smith, para falar sobre o fechamento da fábrica da companhia em Flint (Michigan), a cidade do cineasta.
Pois “Fabricando polêmica” mostra que Moore conseguiu fazer duas entrevistas com Smith e decidiu esconder o fato no documentário. Um ex-amigo do cineasta, presente nas conversas, conta no documentário que Moore pediu que ele desmentisse a existência dessas gravações.
No caso de “Tiros em Columbine”, Melnyk e Caine revelam manipulações da verdade em pelo menos duas cenas: uma em que Moore abre uma conta em um banco e sai dele com uma arma de brinde (na verdade, o processo demora dias) e outra em que o cineasta dá a entender que o ator Charlton Heston foi a um encontro da Associação Nacional de Rifles em Flint dias depois de uma garota perder a vida com um tiro na cidade (era um encontro de lideranças republicanas). Isso não torna o banco ou Heston mais desculpáveis. Mas certamente transforma Moore em um documentarista menos confiável.
Já em “Fahrenheit 11 de setembro”, Moore usou as imagens de um soldado mutilado no Iraque sem revelar que ele era um defensor tanto da guerra quanto de Bush - entre outras omissões e mentiras perpretadas pelo documentário mais visto de todos os tempos.
Durante as filmagens, Melnyk e Caine tentam diversas vezes marcar uma entrevista com Moore, mas ele alega sempre falta de tempo para recusar o pedido. Em alguns momentos, os seguranças do cineasta recorrem a uma certa truculência para manter a equipe de filmagem à distância - um tipo de situação que Moore adora explorar em seus documentários, mas aqui o feitiço vira contra o feiticeiro.
Os diretores canadenses chegam a falsificar uma credencial para participar de um evento com a participação de Moore, outro procedimento que o cineasta americano já adotou em seus trabalhos. Mas, nesse caso, o efeito é o contrário do desejado: aí eles transformam Moore em vítima e despertam uma certa simpatia por ele (o mesmo acontece em relação a Bush em certas cenas de “Fahrenheit 11 de setembro”).
De resto, como bem definiu um espectador no site IMDB, “Fabricando polêmica” é um retrato bastante equilibrado de um cineasta desequilibrado.
A mentira mais grave apurado por Melnyk e Caine refere-se a “Roger & eu” (1989), o filme que popularizou Moore nos Estados Unidos. Para denunciar a maldade corporativa , o cineasta registrou várias tentativas frustradas de entrevistar o presidente da General Motors, Roger Smith, para falar sobre o fechamento da fábrica da companhia em Flint (Michigan), a cidade do cineasta.
Pois “Fabricando polêmica” mostra que Moore conseguiu fazer duas entrevistas com Smith e decidiu esconder o fato no documentário. Um ex-amigo do cineasta, presente nas conversas, conta no documentário que Moore pediu que ele desmentisse a existência dessas gravações.
No caso de “Tiros em Columbine”, Melnyk e Caine revelam manipulações da verdade em pelo menos duas cenas: uma em que Moore abre uma conta em um banco e sai dele com uma arma de brinde (na verdade, o processo demora dias) e outra em que o cineasta dá a entender que o ator Charlton Heston foi a um encontro da Associação Nacional de Rifles em Flint dias depois de uma garota perder a vida com um tiro na cidade (era um encontro de lideranças republicanas). Isso não torna o banco ou Heston mais desculpáveis. Mas certamente transforma Moore em um documentarista menos confiável.
Já em “Fahrenheit 11 de setembro”, Moore usou as imagens de um soldado mutilado no Iraque sem revelar que ele era um defensor tanto da guerra quanto de Bush - entre outras omissões e mentiras perpretadas pelo documentário mais visto de todos os tempos.
Durante as filmagens, Melnyk e Caine tentam diversas vezes marcar uma entrevista com Moore, mas ele alega sempre falta de tempo para recusar o pedido. Em alguns momentos, os seguranças do cineasta recorrem a uma certa truculência para manter a equipe de filmagem à distância - um tipo de situação que Moore adora explorar em seus documentários, mas aqui o feitiço vira contra o feiticeiro.
Os diretores canadenses chegam a falsificar uma credencial para participar de um evento com a participação de Moore, outro procedimento que o cineasta americano já adotou em seus trabalhos. Mas, nesse caso, o efeito é o contrário do desejado: aí eles transformam Moore em vítima e despertam uma certa simpatia por ele (o mesmo acontece em relação a Bush em certas cenas de “Fahrenheit 11 de setembro”).
De resto, como bem definiu um espectador no site IMDB, “Fabricando polêmica” é um retrato bastante equilibrado de um cineasta desequilibrado.
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