O colecionador de fobias
Desde pequeno, Marcos F. tem horror a gravatas. “Quando as uso, fico mal, incomodado. Tinha um pressentimento de que em vidas passadas devo ter sido enforcado. Era colocá-las e ficar com as mãos forçando para fora, até desistir de usar e tirá-las.”
Matita sofre com um medo horripilante de sujeira, mas de um tipo bem específico. “Via esperma em todos os lugares, no ônibus, na rua, na chuva, na casinha de sapê. Cinema? Isso pra mim era sinal de que algum casal poderia ter dado uns amassos no escurinho do cinema e largado um pouco de esperma.”
Kel passou mal ao entrar em um shopping para usar o banheiro. “Comecei a sentir um tremor que vinha aos pouquinhos de dentro do meu útero, um suor frio gelava meu corpo inteiro. O banheiro, a cada passo que eu dava, ficava mais distante. As paredes laterais do corredor estavam cada vez mais próximas de mim.”
Na semana passada, o cineasta Kiko Goifman, autor dos documentários “33” e “Morte densa”, lançou um site para colher e exibir relatos de leitores sobre fobias (para visitá-lo, clique aqui); os três depoimentos acima estão entre as primeiras colaborações.
Algumas das histórias serão incluídas no roteiro de “FilmeFobia”, em um fascinante trabalho de intersecção entre cinema e internet. Se você possui ou conhece pessoas com fobias, pode enviar seu relato ao site e fazer parte do projeto.
“FilmeFobia” será construído como o “making of” de um documentário sobre fobias, em que um diretor irá propor a pessoas fóbicas que enfrentem seus piores temores. Ao lado do roteirista Hilton Lacerda (“Baile perfumado”, “Amarelo manga’), Goifman escreverá o último tratamento do roteiro incluindo alguns dos relatos enviados via internet, que deverão inspirar situações retratadas no documentário dentro do filme.
Um dos vencedores do último edital para filmes de baixo orçamento do Ministério da Cultura, “FilmeFobia” deverá ser gravado em julho ou agosto. No elenco/equipe, estão o crítico Jean-Claude Bernardet, o compositor Lívio Tragtenberg e a fotógrafa Cris Bierranbach, além de Goifman e Lacerda.
No site do filme, Goifman também relata seu principal medo. “Não me lembro quando começou a minha fobia de sangue. Sei que foi na infância e era terrível. Primeiro porque criança machuca muito e sempre eu estava às voltas com curativos. Podia ser um machucado pequeno e mesmo assim minha pressão ia no pé’ e eu desmaiava”, conta o cineasta mineiro radicado em São Paulo.
“FilmeFobia” não será a primeira experiência de integração entre cinema e internet na carreira de Goifman. Em “33”, ele escreveu para o site No. (antiga encarnação de NoMínimo) um diário sobre as filmagens, em que registrava sua tentativa de encontrar a mãe biológica. Os leitores puderam enviar dicas sobre o paradeiro e alterar os rumos da narrativa. Outro ponto em comum entre os dois filmes é a tentativa de criar novos procedimentos narrativos para discutir os parâmetros éticos da ficção e do documentário.
Como Goifman é não apenas um dos realizadores mais originais do país hoje, mas também um dos mais prolíficos, ele está presente nesta edição do festival É tudo verdade. O média documental “Handerson e as horas”, que registra a longa viagem de ônibus feita pelo boy de sua produtora para ir de casa ao trabalho, será exibido hoje na favela de Heliópolis e sexta-feira no Cinesesc.
Matita sofre com um medo horripilante de sujeira, mas de um tipo bem específico. “Via esperma em todos os lugares, no ônibus, na rua, na chuva, na casinha de sapê. Cinema? Isso pra mim era sinal de que algum casal poderia ter dado uns amassos no escurinho do cinema e largado um pouco de esperma.”
Kel passou mal ao entrar em um shopping para usar o banheiro. “Comecei a sentir um tremor que vinha aos pouquinhos de dentro do meu útero, um suor frio gelava meu corpo inteiro. O banheiro, a cada passo que eu dava, ficava mais distante. As paredes laterais do corredor estavam cada vez mais próximas de mim.”
Na semana passada, o cineasta Kiko Goifman, autor dos documentários “33” e “Morte densa”, lançou um site para colher e exibir relatos de leitores sobre fobias (para visitá-lo, clique aqui); os três depoimentos acima estão entre as primeiras colaborações.
Algumas das histórias serão incluídas no roteiro de “FilmeFobia”, em um fascinante trabalho de intersecção entre cinema e internet. Se você possui ou conhece pessoas com fobias, pode enviar seu relato ao site e fazer parte do projeto.
“FilmeFobia” será construído como o “making of” de um documentário sobre fobias, em que um diretor irá propor a pessoas fóbicas que enfrentem seus piores temores. Ao lado do roteirista Hilton Lacerda (“Baile perfumado”, “Amarelo manga’), Goifman escreverá o último tratamento do roteiro incluindo alguns dos relatos enviados via internet, que deverão inspirar situações retratadas no documentário dentro do filme.
Um dos vencedores do último edital para filmes de baixo orçamento do Ministério da Cultura, “FilmeFobia” deverá ser gravado em julho ou agosto. No elenco/equipe, estão o crítico Jean-Claude Bernardet, o compositor Lívio Tragtenberg e a fotógrafa Cris Bierranbach, além de Goifman e Lacerda.
No site do filme, Goifman também relata seu principal medo. “Não me lembro quando começou a minha fobia de sangue. Sei que foi na infância e era terrível. Primeiro porque criança machuca muito e sempre eu estava às voltas com curativos. Podia ser um machucado pequeno e mesmo assim minha pressão ia no pé’ e eu desmaiava”, conta o cineasta mineiro radicado em São Paulo.
“FilmeFobia” não será a primeira experiência de integração entre cinema e internet na carreira de Goifman. Em “33”, ele escreveu para o site No. (antiga encarnação de NoMínimo) um diário sobre as filmagens, em que registrava sua tentativa de encontrar a mãe biológica. Os leitores puderam enviar dicas sobre o paradeiro e alterar os rumos da narrativa. Outro ponto em comum entre os dois filmes é a tentativa de criar novos procedimentos narrativos para discutir os parâmetros éticos da ficção e do documentário.
Como Goifman é não apenas um dos realizadores mais originais do país hoje, mas também um dos mais prolíficos, ele está presente nesta edição do festival É tudo verdade. O média documental “Handerson e as horas”, que registra a longa viagem de ônibus feita pelo boy de sua produtora para ir de casa ao trabalho, será exibido hoje na favela de Heliópolis e sexta-feira no Cinesesc.
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