Fronteiras do racismo
Pesquisa realizada pelo Núcleo Interdisciplinar de Reflexão e Memória Afrodescendente, o Nirema, que funciona no departamento de Sociologia e Política na PUC-Rio, fez um levantamento das reportagens sobre racismo publicadas nos jornais do Rio e de São Paulo nos últimos 20 anos, desde que, a partir da Lei Caó, tornou-se crime inafiançável.
A boa notícia é a pequena identificação de jovens como agressores, embora a juventude negra seja algo de muita discriminação. Um dos lugares de maior identificação de tensão entre negros e brancos foram os elevadores e áreas de acesso, como portarias de edifícios. A demarcação de áreas de brancos e negros, senhores e escravos, ainda é um problema na sociedade brasileira.
E continuará sendo, se depender de depoimentos como o da ministra Matilde Ribeiro, da Secretaria Especial de Política da Promoção da Igualdade Racial. Ela disse ontem que considera “natural” – êta palavrinha maldita! - a discriminação dos negros contra os brancos. Um país sem racismo supõe um tipo de convivência entre brancos e negros na qual não haja discriminação de parte a parte.
Matilde comete o erro de, ao invés de se pronunciar contra o racismo – que poderia ser definido como qualquer tentativa de exclusão de um determinado grupo, sejam os negros, os índios, os hispânicos, os imigrantes ou os brancos –, falar contra os brancos, numa demonstração inequívoca de que o movimento negro está metido num imenso problema.
Valorizar os negros não significa desvalorizar os brancos. Não se trata de negar o valor de um grupo para afirmar o valor de outro grupo. Trata-se, sim, de afirmar o direito da igualdade entre todos os grupos.
Parafraseando o texto sobre machismo, o problema não é o branco, mas a oposição radical entre brancos e negros. O que se quer combater é o racismo, não o branco, porque o racismo exercido pelo negro contra o branco também é racismo.
Um dos dados da pesquisa do Nirema mostra que negros também discriminam negros, situação que joga por terra a teoria da ministra. O debate que interessa à sociedade não é o da cor da pele que deve prevalecer, mas o da universalidade dos direitos. Negros, como brancos, devem ser sujeitos de direitos - jurídicos, sociais, políticos, econômicos, humanos.
Quando o jornalista Ali Kamel lançou “Não somos racistas”, foi duramente combatido pelo movimento negro. Um dos seus argumentos contra as cotas raciais nas universidades públicas é o risco de criar uma guerra racial no país. As declarações da ministra Matilde parecem reforçar - quando deveriam afastar - os temores de Kamel.
O combate a oposições radicais é o meu tema preferido – nada de novo virá enquanto estivermos, como sociedade, presos a essa idéia do bem contra o mal, o homem contra a mulher, o branco contra o negro.
E a realidade, ministra, é feita de matizes de cinza.
A boa notícia é a pequena identificação de jovens como agressores, embora a juventude negra seja algo de muita discriminação. Um dos lugares de maior identificação de tensão entre negros e brancos foram os elevadores e áreas de acesso, como portarias de edifícios. A demarcação de áreas de brancos e negros, senhores e escravos, ainda é um problema na sociedade brasileira.
E continuará sendo, se depender de depoimentos como o da ministra Matilde Ribeiro, da Secretaria Especial de Política da Promoção da Igualdade Racial. Ela disse ontem que considera “natural” – êta palavrinha maldita! - a discriminação dos negros contra os brancos. Um país sem racismo supõe um tipo de convivência entre brancos e negros na qual não haja discriminação de parte a parte.
Matilde comete o erro de, ao invés de se pronunciar contra o racismo – que poderia ser definido como qualquer tentativa de exclusão de um determinado grupo, sejam os negros, os índios, os hispânicos, os imigrantes ou os brancos –, falar contra os brancos, numa demonstração inequívoca de que o movimento negro está metido num imenso problema.
Valorizar os negros não significa desvalorizar os brancos. Não se trata de negar o valor de um grupo para afirmar o valor de outro grupo. Trata-se, sim, de afirmar o direito da igualdade entre todos os grupos.
Parafraseando o texto sobre machismo, o problema não é o branco, mas a oposição radical entre brancos e negros. O que se quer combater é o racismo, não o branco, porque o racismo exercido pelo negro contra o branco também é racismo.
Um dos dados da pesquisa do Nirema mostra que negros também discriminam negros, situação que joga por terra a teoria da ministra. O debate que interessa à sociedade não é o da cor da pele que deve prevalecer, mas o da universalidade dos direitos. Negros, como brancos, devem ser sujeitos de direitos - jurídicos, sociais, políticos, econômicos, humanos.
Quando o jornalista Ali Kamel lançou “Não somos racistas”, foi duramente combatido pelo movimento negro. Um dos seus argumentos contra as cotas raciais nas universidades públicas é o risco de criar uma guerra racial no país. As declarações da ministra Matilde parecem reforçar - quando deveriam afastar - os temores de Kamel.
O combate a oposições radicais é o meu tema preferido – nada de novo virá enquanto estivermos, como sociedade, presos a essa idéia do bem contra o mal, o homem contra a mulher, o branco contra o negro.
E a realidade, ministra, é feita de matizes de cinza.
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