22.3.07

Artigo...

PROFISSÕES EM EXTINÇÃO
*Por Fred

Os ferreiros, carroceiros, relojoeiros, alfaiates, sapateiros, engraxates, açougueiros, domadores e charreteiros podem ser considerados profissionais raros nas pequenas e nas grandes cidades, que mantém estilos de vida urbanos.
Em Mirandópolis, Jaime Perogil, luta para sobreviver como charreteiro (o último de um total de mais de 30 charreteiros que por aqui já existiu).
Com mais de 50 anos de profissão, ele avalia que os tempos estão mais difíceis para manter o cavalo e conseguir algum lucro. A paixão pelo animal acompanha o trabalho diário. O cavalo é um instrumento do ganha-pão e companheiro de todas as horas. “Quem escolhe essa profissão tem de gostar da criação, porque estamos juntos todos os dias”, contou.
Há cerca de três anos e meio, o senhor Perogil perdeu a esposa, mas mesmo assim preferiu continuar na sua chácara (a caminho do Córrego do Boi – área rural de Mirandópolis), diz que lá (onde está há 52 anos) construiu a sua vida, criou filhos e foi muito feliz com a mulher que escolheu.
No passado, os charreteiros quase não paravam no ponto. Eram requisitados a toda hora para variados serviços. Levar gente de um lado a outro da cidade, buscar água, entregar pequenos objetos e alugar a mesma para passeios na área rural e urbana.
Bem aconchegados, os passageiros, iam confortáveis e nos dias de chuva uma capa de napa cobria parte do cavalo e quase toda a charrete e assim o transporte era feito da melhor forma.
São muitas as profissões que hoje estão desaparecendo. Cada vez mais são as máquinas e os computadores que fazem os objetos. E até planejam, desenham, escrevem, programam, organizam e despacham. Tudo automático. E cada vez mais os objetos deixam de ser consertados quando quebram ou desgastam-se, de modo que também as profissões dedicadas ao reparo dos objetos desaparecem, tornam-se tão inúteis quanto os objetos que deveriam restaurar.
É o caso do sapateiro, por exemplo. Você sabe o que é um sapateiro? É um artesão que fabrica sapatos, um de cada vez, o do pé direito sempre um pouquinho maior do que o do pé esquerdo, por assim, assimétrica, foi feita a espécie humana. O sapateiro também conserta sapatos. Ainda há hoje, nesse início de século XXI os que consertam, mas são cada vez mais raros. Os que fabricam já não mais, exceto se for para algum caso especial de deformidade.
Imagine-se, enfim, se endereçássemos uma mensagem a um arqueólogo do futuro, fornecendo-lhe dados sobre a realidade atual que lhe servissem de apontamentos para o entendimento de nossos dias? Ele com certeza ficaria assustado por não entender como todas essas profissões se extinguiram.
Fazer o que, a tecnologia e seus acertos e erros nos arrebata a cada dia e nos remete a um universo infinito de coisas. Oxalá possamos ainda nos reconhecer e sermos felizes, mesmo com todas essas adversidades, como seres humanos que somos, em um futuro próximo.

Fred escritor/jornalista MTB 46.265

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