16.4.07

Raul Santos Seixas...

Perfil

Raul Santos Seixas nasceu no dia 28 de junho de 1945 em Salvador, na Bahia. Sua infância foi tranqüila até que, aos 9 anos, ganhou do pai um violão. A princípio não levou muito a sério o instrumento, mas logo depois se viu diante do recém-nascido rock’n’roll de figuras como Elvis Presley, Little Richard e Chuck Berry, e sua vida nunca mais foi a mesma. Fundou com um amigo um fã-clube de Elvis e começou a arranhar o tal violão e uma guitarra. Em 1962 montou seu primeiro grupo, Os Relâmpagos do Rock, que chegou a se apresentar na TV Itapoan, em Salvador. Dois anos depois o grupo mudou de nome para The Panthers e gravou um compacto com duas músicas que nunca chegou a ser comercializado. No mesmo, Raul conheceu o rock feito pelos ingleses dos Beatles.Em 1965, o grupo The Panthers mudou de nome para Raulzito e Os Panteras e algo começou a acontecer, pois passaram a abrir shows para astros da Jovem Guarda de passagem por Salvador, tais como Roberto Carlos, Wanderléa e Jerry Adriani. Aliás, foi Jerry Adriani quem insistiu para que o grupo fosse para o Rio de Janeiro tentar o sucesso. Raulzito e Os Panteras chegaram ao Rio de Janeiro em 1968 e conseguiram lançar um disco pela gravadora Odeon, mas nada de chamar atenção nem do público e nem da crítica. Conseqüência imediata: a banda se dissolveu. No entanto Raul se manteve no Rio de Janeiro, consegui um emprego de produtor na CBS e lançou discos de artistas como Trio Ternura, Tony Bizarro, Renato e seus Blue Caps e Sérgio Sampaio. Em 1971, aproveitando uma viagem do presidente da gravadora CBS, Raul chamou os amigos Sérgio Sampaio, Miriam Batucada e Edy Star para gravar o disco coletivo Sociedade da Grã-Ordem Kavernista apresenta Sessão das 10. Resultado: demissão de Raul e um disco cultuado até os dias de hoje.Em 1972, já assinando Raul Seixas, emplacou duas músicas no VII Festival Internacional da Canção, “Eu sou eu, Nicuri é o diabo” e “Let me sing, let me sing”, e começou a chamar atenção para sua mistura de rock com ritmos nordestinos. Neste ano começou a surgir Raul Seixas, a lenda. Já no ano seguinte foi contratado pela Philips e lançou o LP Krig-ha, Bandolo!. Sucesso de vendas alavancado por músicas como “Ouro de tolo”, “Metamorfose ambulante” e “Mosca na sopa”, parcerias de Raul com o futuro escritor Paulo Coelho. Os dois amigos fundaram na seqüência a Sociedade Alternativa cuja única lei era “faze o que tu queres, há de ser tudo da lei”. Os militares não gostaram nada disso e os dois foram presos, torturados e partiram para um exílio forçado nos EUA. A dupla acabou voltando ao Brasil rapidamente, ainda em 1974, por causa do sucesso do segundo disco solo de Raul, Gita, que vendeu mais de 600 mil cópias. Em 1976, Raul Seixas lançou mais um disco de sucesso, Há 10 mil anos atrás, o marco do fim da parceria com Paulo Coelho.A partir de 1977, a carreira de Raul Seixas oscilou entre a idolatria crescente dos fãs e uma vendagem cada vez mais baixa de seus discos, tudo aliado a um consumo excessivo de bebidas e drogas. Em 1981, Raul ganhou como presente o surgimento em São Paulo de seu primeiro fã-clube. Criado por Sylvio Passos, o Raul Rock Club é ainda hoje um dos maiores e mais ativos fã-clubes brasileiros. Durante a década de 1980, Raul Seixas conseguiu lançar alguns novos discos, mas sem a mesma receptividade anterior, um livro (Aventuras de Raul Seixas na Cidade de Thor), uma nova parceria (com Marcelo Nova, do Camisa de Vênus) e fazer shows que iam do paraíso (150 mil pessoas em Santos) ao inferno (no interior de São Paulo estava tão bêbado que o público achou que fosse um sósia e quase o linchou). Tudo isso acabou em 21 de agosto de 1989 quando Raul Seixas morreu de parada cardíaca. Nasceu então a lenda Raul Seixas, mais ativa que nunca. Só então muita gente foi perceber que aquele “maluco beleza” era e é um dos artistas brasileiros mais originais da história musical brasileira.

“A desobediência é uma virtude necessária à criatividade”. – Raul Seixas“Rock’n’Roll não se aprende, nem se ensina”. – Raul Seixas“Um sonho sonhado sozinho é um sonho. Um sonho sonhado junto é realidade”. – Raul Seixas“Eu sou egoísta. Eu acho que o individualismo é muito mais sincero do que as preocupações com a coletividade. Não existe outro Deus senão o próprio homem”. – Raul Seixas“Ninguém aqui quer chegar a uma verdade absoluta e impô-la. Apenas se quer abrir as portas. Para as verdades individuais”. – Raul Seixas“Tá todo mundo estereotipado. Por isso é que eu faço questão de dizer que eu não sou da turma pop, que eu não tô comendo alpiste pop. Eu sei lá, eu acho que tá todo mundo de cabeça baixa, tá todo mundo Schopenhauer, todo mundo num pessimismo incrível. Essa geração audiovisual, e digo isso muito maldosamente, eu chamo eles de audiovisuaizinhos”. – Raul Seixas“Depois da Tropicália é possível alguém chegar pra você e dizer que música é uma coisa muito séria? Essa história de procurar raízes é uma bobagem. As únicas raízes que eu conheço são de amendoim e mandioca”. – Raul Seixas“Já me borrei de tanto rir ouvindo o infinito sendo explicado. Se sendo é um verbo prefiro ficar sendo calado”. – Raul Seixas

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