24.4.07

Clarice Lispector

Museu da Língua Portuguesa completa um ano homenageando Clarice Lispector

SÃO PAULO – "Viver não é vivível. Viver não é relatável". Tirada do livro 'A Paixão segundo G. H., essa frase traduz a constante busca de Clarice Lispector pelo significado preciso, por palavras que traduzissem com exatidão a complexidade da experiência humana. Neste ano em que se completam três décadas sem a escritora, o Museu da Lingua Portuguesa abriga uma exposição baseada em seus textos e sua relação com o cotidiano para homenagear essa sua paixão por nossa lingua. A mostra, que estará aberta para visitações a partir desta terça-feira e até o dia 02 de setembro, marca ainda o primeiro aniversário do bem-sucedido museu, que neste período recebeu cerca de 580 mil visitantes.
Na exposição, o espectador percorre espaços que apresentam um apanhado da vida e da obra da escritora. Logo na entrada, imagens ampliadas do rosto de Clarice impressas em fino tecido transparente preto. À distância há apenas essa imagem da mulher, sua face que investiga sem se doar. Mais de perto, no entanto, é possível perceber a autora através de suas frase que tentam dizer o que indizível a todo custo. Logo ali o visitante se rende, é impossível não tentar ser, sentir e ver o mundo de Clarice ainda que por algumas horas.
O segundo ambiente reforça o convite à essa viagem ao acolher o visitante com uma cenografia cotidiana, quase comum. Esse cômodo mobiliado com uma cama simples remete a obras que analisam as questões do infindável dia-a-dia. Um colchão e frases em baixo-relevo na parede branca forçam a abandonar o conhecido e a se aventurar.
No espaço seguinte, identidades, interesses e momentos da vida de Clarice Lispector. Nele, estão referências aos seus pseudônimos, a maternidade, a vida como esposa de diplomata e sua paixão pelos bichos. Sombra e luz criam um um jogo imaginário através de espelhos. Num momento vemos a autora através de seus textos. No outro, estamos no meio da criaçã,o somos parte dela, das questões todas do cotidiado.
Carteiras de identidade, cartas, manuscritos e cadernos de notas em gavetas, distribuidas ao longo de uma sala. Tudo muito interativo, passivo de toque e experimentação. Recursos audiovisuais completam a viagem pelos mistérios de Clarice. Uma réplica de máquina de escrever sobre um sofá, como ela fazia para escrever e estar perto dos filhos. Sentar ali e ter diante de si as únicas imagens gravadas da autora é uma oportunidade de se colocar em seu lugar e tentar entender o que a levou a amar desta forma uma língua.
"Clarice Lispector – A hora da Estrela", nome que faz referência ao livro mais popular da autora, tem curadoria de Júlia Peregrino e Ferreira Gullar e cenografia de Daniela Thomas e Felipe Tassara.

Serviço
Clarice Lispector – A hora da estrela
Museu da Língua Portuguesa: Estação da Luz s/nº – Centro
De 24 de abril a 02 de setembro
De terça a domingo, das 10h às 17h
Preço: R$ 4,00
Informações: 11 3326-0775

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