7.11.06

Luiz Tatit, compositor, intérprete e violonista, um dos mentores do inventivo grupo paulistano “RUMO”, formado em 1974 e consagrado a partir do seu primeiro disco nos anos 80, revolucionou o cenário da música popular brasileira com um novo estilo denominado como “canto falado”. Na mesma década já publicava o seu primeiro livro (“A Canção, Eficácia e Encanto”, Atual Editora, 1986) em que realiza uma abordagem semiótica da canção popular.Hoje é professor titular do departamento de lingüística da USP e tem mais 5 importantes obras publicadas nesse campo.Com o final do grupo “RUMO” lançou, pela gravadora independente Dabliú, o seu primeiro disco (CD) solo (“Felicidade”, 1997) e, em 2.000, o CD “O Meio” (Dabliú), além de ter suas inusitadas canções gravadas por vários intérpretes como Na Ozzetti, Suzana Salles, Zélia Duncan, Márcia Salomon, Ney Matogrosso, Leila Pinheiro e outros.
Luiz Tatit lança agora seu novo CD, “Ouvidos Uni-vos”, também pela Dabliú, somente com canções inéditas (13), sendo 7 de sua autoria exclusiva e as demais com parceiros (Chico Saraiva, Itamar Assumpção, Ricardo Breim, Dante Ozzetti, Edward Lopes e Zé Miguel Wisnik).Tatit consagra seu estilo único. As letras, como sempre, trazem um sabor especial à audição do disco. Por exemplo, em “Baião do Tomás” (Chico Saraiva/ Luiz Tatit), o autor destaca a presença dos ancestrais no instante do nascimento de um bebê. “Final Feliz” retrata um amor literalmente linear, já que os amantes se encontram no ponto final de uma linha de trem. Em “Rock de Breque” (Luiz Tatit), o compositor homenageia o estilo de canto intermitente de Itamar Assumpção, antes de apresentar sua parceria com o Nego Dito, uma canção sobre a dor: “Dodói”. “Perdido” descreve a atuação irrestrita de uma poderosa personagem feminina que se aplica em modelar o comportamento de seu companheiro.Em “Terceira Pessoa”, discute-se por que “ela”, que está longe, é sempre melhor que “você”, que está aqui perto. “Brincadeira” (Dante Ozzetti / Luiz Tatit) examina o inconseqüente conflito afetivo como um amor que brinca de odiar. Em “Tom de Quem Reclama”, a voz emancipa-se do próprio cantor fazendo coisas que fogem ao seu controle. Em “Tietê”, o famoso rio paulista já entra na cidade com a pecha de marginal.Na Ozzetti deixa sua marca na interpretação de “Minta” (Ricardo Breim /Luiz Tatit), canção cujo perfil melódico exige condições técnicas especiais de execução. As demais são cantadas pelo próprio compositor que tem como característica oscilar entre melodia e entoação da linguagem oral. Complementam o CD as canções: “Controlado”, “A Perigo” (Luiz Tatit/Edward Lopes) e “Baião de Quatro Toques” (Zé Miguel Wisnik/ Luiz Tatit).Ouvidos Uni-vos contou ainda com a produção de Alexandre Fontanetti e a direção musical e arranjos de violão de Jonas Tatit. Outros instrumentistas também foram decisivos para a boa sonoridade do disco: Adriano Busko na percussão, Paulo Tatit no baixo, Marcelo Jeneci nos teclados e programações eletrônicas e,ainda, Fábio Tagliaferri nos arranjos de cordas.

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