16.11.06

Congresso Internacional do Medo

Provisoriamente não cantaremos o amor,
Que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos.
Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços,
Não cantaremos o ódio porque esse não existe,
Existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro,
O medo grande dos sertões, dos mares, dos desertos,
O medo dos soldados, o medo das mães, o medo das igrejas.
Cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos democratas,
Cantaremos o medo da morte e de depois da morte,
Depois morreremos de medo e sobre nossos túmulos
Nascerão flores amarelas e medrosas!

Carlos Drummond de Andrade

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