A vida dos irmãos Betinho, Henfil e Chico Mário é o tema do documentário “Três irmãos de sangue”, que foi dirigido e roteirizado pela jornalista Ângela Patrícia Reiniger e terá pré-estréia aberta ao público, com entrada franca, dia 7 de agosto, às 18h30, no Auditório Oscar Guanabarino, no 9º andar do edifício-sede da Associação Brasileira de Imprensa (Rua Araújo Porto Alegre, 71 — Centro do Rio). O filme mostra a vida de cada um dos três irmãos e como suas ações se misturam com a história política, social e cultural do Brasil na segunda metade do século XX. Segundo Ângela, a idealização do projeto é de Marcos Souza, filho de Chico Mário. No dia da morte do tio Betinho, ele percebeu que a história daqueles três homens, “com trajetórias de vida tão marcantes e com uma ligação tão íntima com o Brasil”, tinha que ser contada. Inspirado pelo trabalho de Ângela à frente do programa “Mãe & Cia.” — que estreou no GNT e depois foi exibido na TV Cultura —, Marcos convidou-a para fazer o documentário, que marca também a estréia da jornalista na direção de longas: — O desejo de dirigir um longa já era antigo. Então, quando apareceu a possibilidade de dirigir uma história tão fascinante quanto a desses irmãos, foi um ótimo desafio — empolga-se Ângela, que tem larga experiência nas telas, como a direção de dez episódios da série “Livros animados”, do Canal Futura, dos curtas-metragens “Os oficineiros da inclusão” e “O aprendiz e o mestre” e da série “Programa especial”, da TVE/Rede Brasil. Até ser convidada para dirigir o filme, Ângela admirava as ações de Betinho e o trabalho de Henfil, mas não conhecia a obra musical de Chico Mário. Animada, ela planeja outros longas, um também ligado às causas sociais e outro sobre a vida e obra de Clarice Lispector: — Apesar do enorme trabalho que dá, é tudo muito apaixonante. Você passa a viver duas vidas: uma, a normal, do seu dia-a-dia; a outra, do universo do filme, repleta de idéias, gravações e edições. Para registrar toda a história, foram cerca de cem horas de gravações. Segundo Ângela, que está ligada ao projeto desde 2001, “a maior dificuldade foi captar recursos, até conseguir o patrocínio da Petrobras”. Outro desafio, diz, foi escolher, entre tantos fatos marcantes da vida dos irmãos, o que entraria no filme: — Conseguimos um bom resultado final. A grande questão foi exatamente como entrelaçar essas três histórias de modo que o roteiro fluísse com naturalidade — e, aliado a isso, o fato de termos ainda o Brasil funcionando quase como um quarto personagem. O segredo foi, em certos momentos, respeitar a ordem cronológica dos acontecimentos e, em outros, alinhavar temas por personagens, como na hora de falar sobre a vida profissional de cada um. Além do mais, o filme é estruturado como se fosse uma ópera. Tem um prólogo, três atos e um epílogo. Isso deu um charme especial na hora de alinhavar a história. Pesquisa
BetinhoÂngela lembra que o trabalho de pesquisa, tanto de texto quanto de imagem, foi extremamente rico — “à medida que o processo de produção foi caminhando, deparávamos com mais e mais informações, descobertas de novo material de arquivo e assim por diante”, diz a jornalista, que roteirizou o documentário junto com Cristiano Gualda: — Procuramos aproveitar todo o precioso material da melhor forma possível. Algo que me marcou muito foi o fato de, mesmo tantos anos após a morte dos três, os entrevistados terem falado deles como pessoas muito, muito próximas. Os elos de afeto, companheirismo e admiração não ficaram frágeis com o tempo. Pelo contrário, continuam extremamente fortes. O lançamento oficial de “Três irmãos de sangue” acontece simultaneamente no Rio, em São Paulo, Belo Horizonte e Brasília, no dia 17 de agosto: — A expectativa é de que o filme fique em cartaz o máximo de tempo possível. Acreditamos muito no boca a boca, uma vez que a recepção ao filme em exibições fechadas e pré-estréias foi excelente. Além de as pessoas se emocionarem e se divertirem indo ao cinema, elas estarão prestando uma homenagem aos três irmãos e ainda ajudando a Associação Brasileira Interdisciplinar de Aids (Abia), já que parte da renda do filme é revertida para a entidade — entusiasma-se a diretora.
HenfilFeliz com a repercussão e a exibição de seu filme em importantes festivais, Ângela diz que o documentário foi bem recebido “tanto pelo público que viveu a época da ditadura e da anistia, quanto pelos mais jovens, interessados em conhecer melhor esse período da nossa História”: — O filme definitivamente mexeu com as pessoas, fez elas rirem, chorarem e, acima de tudo, terem vontade de agir para melhorar o mundo em que vivemos. Além de termos sido premiados como Melhor Roteiro no Festival de Goiânia, fomos o segundo documentário mais bem votado pelo público na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, participamos da Mostra Retratos, dentro do Festival do Rio, fomos selecionados para o Festival de Cinema Brasileiro de Paris e estamos concorrendo no Festival de Cinema Brasileiro de Nova York. Ângela comemora também o sucesso na imprensa: Zuenir Ventura, do Globo, falou que “a diretora conseguiu mostrar, sem pieguice, bem ao estilo dos três irmãos, como a luta contra a morte pode ser uma exemplar lição de vida”; Luiz Zanin, do Estadão, disse que se trata de “um belo e emocionante filme, que traça a saga de uma família e também de um período, tanto difícil como épico, da história recente”; e o colunista Sebastião Nery afirmou que o documentário faz “um levantamento histórico, minucioso, sério, biográfico, mas principalmente político, social, de Minas e do Brasil, a partir dos anos 50 até a ditadura de 64 e as batalhas da resistência, do exílio, da abertura, da anistia, das ‘Diretas já’”. Honrada com a oportunidade de fazer o lançamento de seu filme na ABI, Ângela diz que sua experiência jornalística em entrevista e edição foi de fundamental importância na realização do documentário. Aos espectadores da pré-estréia, avisa: — A mensagem que eu quero que fique é traduzida perfeitamente através de uma frase do Betinho no filme: “A vida é uma só. Ela é valiosa. O tempo é muito valioso. E nós devemos fazer da vida e do tempo o que melhor nós pudermos, todos os dias”. Sobre o filme
Chico Mário“Três irmãos de sangue” retrata a vida dos irmãos Betinho, Henfil e Chico Mário, brasileiros que fizeram da solidariedade a sua grande arma na luta pela vida e que ajudaram a tornar o Brasil um país mais justo e solidário. Cada um deles contribuiu, à sua maneira, para as principais transformações pelas quais passou o povo brasileiro. Betinho, cientista social e exilado político, criou a Campanha Contra a Fome e a Miséria e Pela Vida e foi indicado, em 1994, ao Prêmio Nobel da Paz. O cartunista Henfil lutou pela volta dos exilados durante a ditadura militar e criou a expressão “diretas já”, como forma de exigir a volta da democracia ao Brasil. Chico Mário, pioneiro na questão da música independente, compôs diversas canções contra a tortura. Os irmãos sabiam da importância da defesa dos direitos humanos e defenderam com garra esse ideal. Hemofílicos, os três foram contaminados pelo vírus HIV através de transfusão de sangue e se transformaram num símbolo da luta contra a Aids no Brasil. Para eles, a luta pela vida sempre esteve em primeiro lugar.
BetinhoÂngela lembra que o trabalho de pesquisa, tanto de texto quanto de imagem, foi extremamente rico — “à medida que o processo de produção foi caminhando, deparávamos com mais e mais informações, descobertas de novo material de arquivo e assim por diante”, diz a jornalista, que roteirizou o documentário junto com Cristiano Gualda: — Procuramos aproveitar todo o precioso material da melhor forma possível. Algo que me marcou muito foi o fato de, mesmo tantos anos após a morte dos três, os entrevistados terem falado deles como pessoas muito, muito próximas. Os elos de afeto, companheirismo e admiração não ficaram frágeis com o tempo. Pelo contrário, continuam extremamente fortes. O lançamento oficial de “Três irmãos de sangue” acontece simultaneamente no Rio, em São Paulo, Belo Horizonte e Brasília, no dia 17 de agosto: — A expectativa é de que o filme fique em cartaz o máximo de tempo possível. Acreditamos muito no boca a boca, uma vez que a recepção ao filme em exibições fechadas e pré-estréias foi excelente. Além de as pessoas se emocionarem e se divertirem indo ao cinema, elas estarão prestando uma homenagem aos três irmãos e ainda ajudando a Associação Brasileira Interdisciplinar de Aids (Abia), já que parte da renda do filme é revertida para a entidade — entusiasma-se a diretora.
HenfilFeliz com a repercussão e a exibição de seu filme em importantes festivais, Ângela diz que o documentário foi bem recebido “tanto pelo público que viveu a época da ditadura e da anistia, quanto pelos mais jovens, interessados em conhecer melhor esse período da nossa História”: — O filme definitivamente mexeu com as pessoas, fez elas rirem, chorarem e, acima de tudo, terem vontade de agir para melhorar o mundo em que vivemos. Além de termos sido premiados como Melhor Roteiro no Festival de Goiânia, fomos o segundo documentário mais bem votado pelo público na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, participamos da Mostra Retratos, dentro do Festival do Rio, fomos selecionados para o Festival de Cinema Brasileiro de Paris e estamos concorrendo no Festival de Cinema Brasileiro de Nova York. Ângela comemora também o sucesso na imprensa: Zuenir Ventura, do Globo, falou que “a diretora conseguiu mostrar, sem pieguice, bem ao estilo dos três irmãos, como a luta contra a morte pode ser uma exemplar lição de vida”; Luiz Zanin, do Estadão, disse que se trata de “um belo e emocionante filme, que traça a saga de uma família e também de um período, tanto difícil como épico, da história recente”; e o colunista Sebastião Nery afirmou que o documentário faz “um levantamento histórico, minucioso, sério, biográfico, mas principalmente político, social, de Minas e do Brasil, a partir dos anos 50 até a ditadura de 64 e as batalhas da resistência, do exílio, da abertura, da anistia, das ‘Diretas já’”. Honrada com a oportunidade de fazer o lançamento de seu filme na ABI, Ângela diz que sua experiência jornalística em entrevista e edição foi de fundamental importância na realização do documentário. Aos espectadores da pré-estréia, avisa: — A mensagem que eu quero que fique é traduzida perfeitamente através de uma frase do Betinho no filme: “A vida é uma só. Ela é valiosa. O tempo é muito valioso. E nós devemos fazer da vida e do tempo o que melhor nós pudermos, todos os dias”. Sobre o filme
Chico Mário“Três irmãos de sangue” retrata a vida dos irmãos Betinho, Henfil e Chico Mário, brasileiros que fizeram da solidariedade a sua grande arma na luta pela vida e que ajudaram a tornar o Brasil um país mais justo e solidário. Cada um deles contribuiu, à sua maneira, para as principais transformações pelas quais passou o povo brasileiro. Betinho, cientista social e exilado político, criou a Campanha Contra a Fome e a Miséria e Pela Vida e foi indicado, em 1994, ao Prêmio Nobel da Paz. O cartunista Henfil lutou pela volta dos exilados durante a ditadura militar e criou a expressão “diretas já”, como forma de exigir a volta da democracia ao Brasil. Chico Mário, pioneiro na questão da música independente, compôs diversas canções contra a tortura. Os irmãos sabiam da importância da defesa dos direitos humanos e defenderam com garra esse ideal. Hemofílicos, os três foram contaminados pelo vírus HIV através de transfusão de sangue e se transformaram num símbolo da luta contra a Aids no Brasil. Para eles, a luta pela vida sempre esteve em primeiro lugar.
Ficha técnica “Três irmãos de sangue” (Brasil, 2006; 102min).
Direção: Ângela Patrícia Reiniger
Roteiro: Ângela Patrícia Reiniger e Cristiano Gualda
Fotografia: Márcio Zavareze
Edição: Cassiano Brandão
Produção executiva: Marina Dantas Faria
Idealização e direção musical: Marcos Souza
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