Muita gente torceu o nariz (e com razão) quando o Magic Numbers lançou o segundo disco no ano passado, sem o mesmo brilho da estréia. Quem achava que, também por causa disso, o resultado no palco das melosas músicas do grupo inglês seria pífio, se enganou redondamente – nesta quinta-feira, na primeira noite do Festival Indie Rock em São Paulo, o Magic Numbers provou ao vivo que tem mágica de sobra guardada na cartola.
A primeira atração a se apresentar no Via Funchal, pontualmente às 21h30, foram os cariocas do Moptop. Com as canções do único álbum na ponta dos dedos e da língua, o quarteto fez um show correto, que preencheu os espaços vazios da casa, a essa hora quase às moscas. Se o som da banda, calcado no rock nova-iorquino do novo milênio (alguém aí não captou Strokes?), peca por falta de originalidade, ganha na vitalidade fora do estúdio, ainda mais impulsionada pelos fãs entusiasmados.
Pouco mais de meia hora depois, foi a vez do Hurtmold colocar seu math rock instrumental em evidência. O sexteto formado na capital paulista em 1998 faz valer a quantidade de músicos em cena com músicas dotadas de arranjos de grande criatividade. Vibrafone, clarinete, trompete e percussão inspiradíssimas chamam a atenção, com o baixo ocupando lugar especial no centro do palco. Apesar da qualidade inquestionável, o clima de jam e improvisação, sem muita melodia e nada de refrão, não animou a platéia, que permaneceu indiferente.
Situação totalmente diversa aconteceu antes da grande estrela da noite. A demora na passagem de som deixou o público tenso, mas foram só as luzes se apagarem e os quatro gordinhos – na verdade, três, a saber: Romeo Stodart (vocal e guitarra), Michele Stodart (baixo e vocais) e Angela Gannon (vários instrumentos, vocais), ao lado do magrelo Sean Gannon (bateria) – surgirem do backstage para surgir uma recepção digna de popstar.
Com um sorriso de ponta a ponta, Romeo abriu os trabalhos com “This Is a Song”, primeira faixa de Those the Brokes (2006). Em seguida, apareceram sucessos do álbum homônimo, “Forever Lost” e “Love’s a Game”. A diferença é que tudo é mais intenso: a guitarra, a bateria, o baixo, ganham volume e peso extra, tornando a experiência ao vivo bastante diferente. Os arranjos e harmonias vocais, direto da escola de Brian Wilson, soam cristalinos, somando ainda mais pontos aos backings de Angela e Michele.
A baixista foi a maior surpresa. Enérgica e feliz o tempo todo, comandou as palmas da platéia e agitou até nas músicas mais calminhas. Angela, por sua vez, tocou meia-lua, escaleta e soltou a voz em “Undecided” e na belíssima “I See You, You See Me”. Romeo é pura simpatia – elogiou as bandas de abertura, pediu aplausos para os roadies –, enquanto Sean ficou escondido fumando atrás da bateria.
É incrível como um punhado de canções sobre amor e pessoas apaixonadas faz mais sentido ao se cantar junto, e esse sentimento parece ter contagiado os presentes. Se os isqueiros apareceram na calmaria de “Slow Down (The Way It Goes)”, a coisa pegou fogo mesmo nas faixas mais conhecidas e dançantes, como “Love Me Like You”. As surpresas também animaram como nunca. Afinal de contas, quem esperava que o Magic Numbers ia tocar pela primeira vez na vida “Baby”, dos Mutantes? Restou a Romeo dizer um “vamos encarar” meio sem jeito aos colegas e iniciar a cantoria num português incompreensível. Valeu pela homenagem.
Depois disso, outros covers vieram: um trecho bárbaro de “Running Up that Hill”, de Kate Bush, no meio de “Slow Down”, e a conhecida versão para “Crazy in Love”, hit rebolativo de Beyoncé pedido por fãs no bis e já apresentado no Rio. Além disso, o Magic Numbers tocou a inédita “Fear of Sleep”, que, só pelo nome, reafirma o que Angela disse em entrevista de que a banda deve soar mais “sombria” no EP a ser lançado em agosto.
Uma bandeira brasileira amarrada no pedestal do microfone pontuou o início do bis, com uma versão só ao violão da ótima “Wheel’s on Fire”, com o público cantando junto com as mãos para cima, gestos que se repetiram ao longo de toda a noite. O encerramento rápido e apoteótico com a country “The Beard”, exclusiva para shows, e um cover de “Nightrain”, do Guns ‘n Roses (sim, eles gostam até de Slayer), serviu para deixar a platéia de alma lavada, com a taxa de glicose explodindo no sangue. De vez em quando, mal não faz.
Confira abaixo o setlist do show:
“This Is A Song”“Take a Chance”“Forever Lost”“Love’s a Game”“You Never Had It”“Which Way to Be Happy?”“Baby”“I See You, You See Me”“Runnin’ Out”“Fear of Sleep”“Slow Down / Running Up That Hill”“Undecided”“Love Me Like You”BIS“Wheel’s on Fire”“Morning Eleven”“Crazy in Love”“The Beard / Nightrain”
A primeira atração a se apresentar no Via Funchal, pontualmente às 21h30, foram os cariocas do Moptop. Com as canções do único álbum na ponta dos dedos e da língua, o quarteto fez um show correto, que preencheu os espaços vazios da casa, a essa hora quase às moscas. Se o som da banda, calcado no rock nova-iorquino do novo milênio (alguém aí não captou Strokes?), peca por falta de originalidade, ganha na vitalidade fora do estúdio, ainda mais impulsionada pelos fãs entusiasmados.
Pouco mais de meia hora depois, foi a vez do Hurtmold colocar seu math rock instrumental em evidência. O sexteto formado na capital paulista em 1998 faz valer a quantidade de músicos em cena com músicas dotadas de arranjos de grande criatividade. Vibrafone, clarinete, trompete e percussão inspiradíssimas chamam a atenção, com o baixo ocupando lugar especial no centro do palco. Apesar da qualidade inquestionável, o clima de jam e improvisação, sem muita melodia e nada de refrão, não animou a platéia, que permaneceu indiferente.
Situação totalmente diversa aconteceu antes da grande estrela da noite. A demora na passagem de som deixou o público tenso, mas foram só as luzes se apagarem e os quatro gordinhos – na verdade, três, a saber: Romeo Stodart (vocal e guitarra), Michele Stodart (baixo e vocais) e Angela Gannon (vários instrumentos, vocais), ao lado do magrelo Sean Gannon (bateria) – surgirem do backstage para surgir uma recepção digna de popstar.
Com um sorriso de ponta a ponta, Romeo abriu os trabalhos com “This Is a Song”, primeira faixa de Those the Brokes (2006). Em seguida, apareceram sucessos do álbum homônimo, “Forever Lost” e “Love’s a Game”. A diferença é que tudo é mais intenso: a guitarra, a bateria, o baixo, ganham volume e peso extra, tornando a experiência ao vivo bastante diferente. Os arranjos e harmonias vocais, direto da escola de Brian Wilson, soam cristalinos, somando ainda mais pontos aos backings de Angela e Michele.
A baixista foi a maior surpresa. Enérgica e feliz o tempo todo, comandou as palmas da platéia e agitou até nas músicas mais calminhas. Angela, por sua vez, tocou meia-lua, escaleta e soltou a voz em “Undecided” e na belíssima “I See You, You See Me”. Romeo é pura simpatia – elogiou as bandas de abertura, pediu aplausos para os roadies –, enquanto Sean ficou escondido fumando atrás da bateria.
É incrível como um punhado de canções sobre amor e pessoas apaixonadas faz mais sentido ao se cantar junto, e esse sentimento parece ter contagiado os presentes. Se os isqueiros apareceram na calmaria de “Slow Down (The Way It Goes)”, a coisa pegou fogo mesmo nas faixas mais conhecidas e dançantes, como “Love Me Like You”. As surpresas também animaram como nunca. Afinal de contas, quem esperava que o Magic Numbers ia tocar pela primeira vez na vida “Baby”, dos Mutantes? Restou a Romeo dizer um “vamos encarar” meio sem jeito aos colegas e iniciar a cantoria num português incompreensível. Valeu pela homenagem.
Depois disso, outros covers vieram: um trecho bárbaro de “Running Up that Hill”, de Kate Bush, no meio de “Slow Down”, e a conhecida versão para “Crazy in Love”, hit rebolativo de Beyoncé pedido por fãs no bis e já apresentado no Rio. Além disso, o Magic Numbers tocou a inédita “Fear of Sleep”, que, só pelo nome, reafirma o que Angela disse em entrevista de que a banda deve soar mais “sombria” no EP a ser lançado em agosto.
Uma bandeira brasileira amarrada no pedestal do microfone pontuou o início do bis, com uma versão só ao violão da ótima “Wheel’s on Fire”, com o público cantando junto com as mãos para cima, gestos que se repetiram ao longo de toda a noite. O encerramento rápido e apoteótico com a country “The Beard”, exclusiva para shows, e um cover de “Nightrain”, do Guns ‘n Roses (sim, eles gostam até de Slayer), serviu para deixar a platéia de alma lavada, com a taxa de glicose explodindo no sangue. De vez em quando, mal não faz.
Confira abaixo o setlist do show:
“This Is A Song”“Take a Chance”“Forever Lost”“Love’s a Game”“You Never Had It”“Which Way to Be Happy?”“Baby”“I See You, You See Me”“Runnin’ Out”“Fear of Sleep”“Slow Down / Running Up That Hill”“Undecided”“Love Me Like You”BIS“Wheel’s on Fire”“Morning Eleven”“Crazy in Love”“The Beard / Nightrain”
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