Sebastião Salgado mostra em Madri sua visão da realidade africana
Madri, 28 mai (EFE).- O fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado expõe em Madri, a partir desta segunda-feira até o dia 22 de julho, 56 fotografias de grande formato, fruto de suas viagens a diferentes partes do continente africano.Na apresentação desta mostra, que faz parte da décima edição da PhotoEspaña, o fotógrafo destacou que está convencido de que "chegou o momento de devolver à África uma parte do muito que deu" aos países do Primeiro Mundo.Por isso, com a gratidão que sente pelo continente, mostra agora uma seleção de seus trabalhos sobre a realidade africana.Nele reflete a guerra, a fome, a seca e os movimentos de milhões de refugiados, mas também a natureza de lugares que aparecem entre os mais belos do mundo.Há décadas, Salgado registra com sua câmera as realidades mais duras do planeta, não tanto para comover ou produzir "espasmos passageiros de consciência", mas para facilitar o conhecimento das "regiões em sombra" do mundo, como são chamadas por Rosa Montero no prólogo do livro do fotógrafo "Sahel - O fim do caminho".Muitas dessas áreas estão na África e, embora a fotografia "pouco possa fazer para mudar a realidade do continente", pode contribuir para ajudar a compreendê-lo, afirmou o artista."A imagem é uma das linguagens mais poderosas que existe. Não precisa de tradução e qualquer um pode entender o que se tenta transmitir com cada uma", acrescentou.O sul e o norte da África, e os Grandes Lagos são as três regiões nas quais a exposição se divide. O espectador tem a oportunidade de tomar conhecimento de várias questões, como a coleta do chá em Ruanda, os nômades do deserto do Saara, as conseqüências das guerras sobre a população e a migrações para a Europa.Salgado se relaciona com a África desde o início da carreira. Seu primeiro trabalho, nos anos 70, foi sobre a Nigéria, e, desde então, cobriu as guerras de independência de Angola, Moçambique e do Saara Espanhol.Fotografou também a seca na Etiópia, Sudão e Chade; a guerrilha em Ruanda e os acampamentos de refugiados, entre outros temas.Como é comum em Salgado, as fotos são em preto e branco, porque na ausência da cor "há uma grande verdade" e é possível captar melhor "o fundo das coisas" e "a rica realidade" que há diante da câmera."Não sei fazê-lo de outra maneira", disse hoje para justificar por que ele continua trabalhando em preto e branco na África, o continente das cores por excelência.Dessa maneira, Salgado vai mostrando a realidade de um continente cheio "de contradições, de natureza exuberante e de grandes carências", que sofre "uma degradação cada vez maior", como ele pôde comprovar em suas várias viagens."A África é um continente doador, e é preciso devolver algo do muito que os países do Primeiro Mundo tiraram dela", insistiu o fotógrafo.Em algumas das imagens expostas, Salgado captou o instante em que as aves de rapina sobrevoam os acampamentos de refugiados, o sofrimento das vítimas de minas terrestres, a beleza do mar de areia do deserto da Namíbia e a de um vulcão em erupção na República Democrática do Congo.A mostra é uma seleção das mais de 200 imagens do livro "África", que o fotógrafo lançará em setembro e que, pela primeira vez, reunirá todos os seus trabalhos relacionados com o continente. ma
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