O tenor italiano Luciano Pavarotti, de 71 anos, morreu na madrugada desta quinta-feira em sua casa em Modena, no norte da Itália, devido a um câncer no pâncreas. Ele estava recolhido desde a última alta hospitalar, no dia 25 de agosto. O estado de saúde de Pavarotti já se encontrava bastante debilitado. Durante a última quarta-feira, a imprensa italiana informou que o tenor apresentava insuficiência renal e estava inconsciente.
"O maestro lutou uma longa e difícil batalha contra o câncer no pâncreas que acabou por tirar-lhe a vida", disse seu agente Terri Robson, em um comunicado. "Com a mesma atitude que sempre marcou sua vida e seu trabalho.
No momento da morte, segundo o agente, estavam a seu lado sua mulher, Nicoletta Mantovani, as três filhas do primeiro casamento, com Adua Veroni - Lorenza, Cristina e Giuliana, e a pequena Alice, de 4 anos, do segundo casamento, além da irmão do tenor, Gabriella, sobrinhos e um reduzido grupo de amigos.
Pavarotti havia passado por uma cirurgia por causa do câncer em julho do ano passado, em Nova York. Desde então, não apareceu mais em público. No dia 8 de agosto, o italiano havia sido levado ao Hospital Policlínico de Modena com febre alta. Ele recebeu alta duas semanas mais tarde, depois de ser submetido a uma série exames. Desde a liberação médica, o tenor preferiu ficar recluso em sua 'villa'.
Entrevistado por uma emissora de televisão, Frassoldati contou que se impressionou com a personalidade de Pavarotti, "sua vontade de viver, de estar sempre presente em todas as decisões".
Trajetória de sucesso
Nascido em Modena, em 1935, Pavarotti era considerado um dos maiores nomes da ópera em todo mundo e um dos maiores tenores de todos os tempos.
Ele estreou profissionalmente em 1961 no papel de Rodolfo na ópera La Bohème, de Puccini, na cidade de Reggio Emilia. Durante os quase 40 anos que passou no palco, o cantor se transformou em um dos artistas de maior sucesso do mundo.
Pavarotti foi o responsável por conquistar um novo tipo de público para a ópera, principalmente com sua interpretação da ária Nessun Dorma, da ópera Turandot, de Puccini, que acabou associada à Copa do Mundo de 1990.
O amor pelo "bel canto" de seu pai, um padeiro do Exército italiano, ajudou o jovem Luciano a descobrir a sua vocação. Sua carreira foi um exemplo de que a ópera não está reservada à elite.
A insistência de Pavarotti em aproximar a música clássica do público recebeu críticas dos puristas. Mas a força de sua voz, que chegou a bater um recorde mundial de aplausos, registrado no livro "Guiness", nunca foi contestada.
Os nove dós de peito seguidos que cantou durante "La fille du Regiment", de Gaetano Donizetti, no Metropolitan Opera House de Nova York, em 1972, foram sua consagração mundial.
Cinco anos mais tarde, em 1977, o mesmo teatro testemunhou o desempenho do tenor em "Ao Vivo do Met", uma ópera que alcançou o primeiro posto da história quanto à audiência da TV.
Vale lembrar que antes de lotar parques e estádios e de promover eventos beneficentes que lhe renderiam o título de "embaixador da paz" das Nações Unidas, Pavarotti foi professor de escola primária durante 12 anos.
“Os três tenores”
Os três tenores fizeram sucesso pelo mundoA cerimônia de encerramento da Copa do Mundo da Itália, de 1990 marcou uma nova etapa para Pavarotti. Ao lado de Domingo e Carreras, foi ali que participou do primeiro concerto da série "Os três tenores".
A mistura das tradicionais árias líricas com sucessos como "La vie en rose" e mesmo "Aquarela do Brasil" levou as gravações do trio ao topo de vendas, com tiragens superiores a de astros como Elvis Presley.Em 1993, no Central Park de Nova York, 500 mil pessoas compareceram ao recital dos três tenores.
Concertos beneficentes
A partir de 1993, o desejo de arrecadar fundos para ações humanitárias tornou-se realidade. Pavarotti organizou o primeiro de seus concertos beneficentes "Pavarotti & Friends". Depois disso, os recitais passaram a ser anuais, contando com a participação de artistas como Elton John e Bono (U2), até 2003.
Em março de 2005, Pavarotti reconheceu que pensava em abandonar os palcos, após 44 anos de trajetória, para se dedicar à família e às aulas de canto. Então, em 2006, deu início a uma turnê mundial de despedida. Foi obrigado, porém, a interrompê-la e a cancelar os concertos, para ser operado de um câncer no pâncreas.
Em 8 de agosto de 2007 voltou a ser internado. Permaneceu hospitalizado até o dia 25 e, quando voltou para casa, decidiu manter-se recluso em Modena para realizar os tratamentos. Na madrugada desta quinta-feira, Pavarotti morreu em sua casa, no vilarejo em que se escolheu para se recolher.
6.9.07
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