30.1.07

Congresso Internacional do Medo

Provisoriamente não cantaremos o amor,

Que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos.

Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços,

Não cantaremos o ódio porque esse não existe,

Existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro,

O medo grande dos sertões, dos mares, dos desertos,

O medo dos soldados, o medo das mães, o medo das igrejas.

Cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos democratas,

Cantaremos o medo da morte e de depois da morte,

Depois morreremos de medo e sobre nossos túmulos

Nascerão flores amarelas e medrosas!

Carlos Drummond de Andrade

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